O lado humano do sucesso

Livro de Carlos Morassutti, VP de recursos humanos e assuntos corporativos da Volvo do Brasil, revela os segredos de uma das melhores para trabalhar no país

Com oito participações no Guia Você S/A – As Melhores Empresas para Você Trabalhar, a Volvo do Brasil, fabricante de chassis de ônibus e caminhões, motores e cabines, já esteve no topo da lista das 150 melhores por duas vezes (2008 e 2011). Esses e os demais prêmios concedidos à empresa são frutos de uma sólida crença nas pessoas. Lição que Carlos Morassutti, vice-presidente de recursos humanos e assuntos corporativos, compartilha em seu livro O lado humano do sucesso, lançado em setembro deste ano.

Em entrevista ao site da VOCÊ RH, o executivo falou sobre o propósito da publicação e alguns dos seus principais capítulos.

Na obra, você relata a história de sucesso da Volvo do Brasil, ao mesmo tempo em que narra sua própria trajetória profissional.Foi essa combinação bem-sucedida entre vida pessoal e carreira que te inspirou a escrever seu primeiro livro?

A vida sempre me apresentou desafios e nunca fugi deles. Escrever “O lado humano do sucesso”foi mais um desafio que acabou surgindo por uma série de circunstâncias. Logicamente que a história de sucesso da Volvo no Brasil, a minha experiência no mundo corporativo e as minhas vivências pessoais me impulsionaram a levar a ideia adiante. Meu propósito maior com o livro é gerar reflexões e talvez inspirações para quem está buscando o desenvolvimento e a autorrealização - não só no mundo corporativo, mas em qualquer contexto.

A Volvo do Brasil conquistou por duas vezes o título de melhor empresa para trabalhar no país, concedido pelo Guia Você S/A. E na última edição (2012), a companhia foi o destaque no quesito melhores práticas de desenvolvimento. A pesquisa e os resultados dela também serviram de inspiração para o seu livro?

Certamente, pois sou constantemente questionado sobre como conseguimos chegar ao patamar de empresa de classe mundial e figurar no ranking das melhores do país para trabalhar nos últimos anos, segundo o Guia Você S/A. As pessoas querem saber o que temos feito para conseguir isso e quais os ganhos efetivos que temos, tanto para a empresa quanto para o funcionário. Vi o livro como uma oportunidade ímpar de relatar, de forma estruturada, a nossa experiência e quem sabe despertar em outras empresas o interesse de também fazer parte do Guia.

A obra aponta que a forte crença nas pessoas é o que, de fato, pode colocar uma empresa entre as melhores do mundo e entre as melhores para trabalhar no país. Essa é uma lição que algumas empresas ainda não colocam ou não sabem colocar em prática?

A vida real tem mostrado que, infelizmente, muitas empresas ainda não compartilham desse pensamento e não conseguem perceber que existe uma estreita relação entre pessoas e resultados. Algumas ainda utilizam um modelo mental de gestão de pessoas equivocado, não acreditam que as pessoas é que fazem a diferença e acham que essa crença pode gerar custos adicionais. Na verdade, não é necessário ter políticas ou práticas sofisticadas e de alto custo, e sim ações simples, pautadas em respeito e consideração. Tratar gente como gente é o que, de fato, faz a diferença.

Em um dos capítulos do livro, você defende que o RH precisa ser estratégico e estar presente no negócio, sem deixar de lado sua essência – que é cuidar do lado humano da organização. Que conselhos você daria para os profissionais da área que ainda buscam esse equilíbrio ou patamar na empresa?

Cuidar do lado humano da organização faz parte do escopo de atividades da área de RH. Mas isso, por si só, não é suficiente para uma gestão estratégica e sustentável, que contemple todas as dimensões. Para agir de forma estratégica, o profissional de RH precisa entender também do negócio e suas variáveis, saber como a empresa ganha dinheiro e estar ciente da responsabilidade da organização em relação a todos os públicos. Quanto antes ele aprender isso, melhor para a sua carreira e para a empresa.

Você trabalhou a vida toda em RH e praticamente em uma só empresa, conforme relata no livro. O que tanto te prende à área de gestão de pessoas e à Volvo?

Em primeiro lugar, gosto muito do que faço, identifico-me com a dinâmica da área e acredito fortemente que resultados excepcionais somente são conseguidos através das pessoas. Além disso, tenho sido amplamente reconhecido pelo meu trabalho. Através dele e de minhas crenças, pude realizar também os sonhos pessoais que estabeleci no meu plano de vida.

A Volvo do Brasil está, de certa forma, cortando (se já não cortou) o cordão umbilical com a Suécia, para se reportar à nova área denominada Américas, sediada nos Estados Unidos. Como RH atuou nessa transição? Alguma política ou prática mudou ou foi readaptada?

Como continuamos pertencendo a um grande grupo que tem políticas consistentes e válidas para todos os países, não houve nenhuma alteração maior. Logicamente que o convívio com outra cultura requer aprendizados de ambos os lados. O RH esteve presente em todos os momentos da transição e continua envolvido, pois esse é um processo que ainda vai levar tempo para ser totalmente implementado. Um dos grandes desafios é mudar o modelo mental das pessoas na Volvo do Brasil para trabalhar com outras marcas além da marca Volvo, pois agora temos responsabilidade também pela Renault Caminhões, Mack, UD e Eicher para toda a América Latina, exceto México.
Publicado em 10/10/2012
Fonte: Site Você RH

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